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Bonecos de Santo Aleixo (BSA) / CENDREV: dados de um percurso

Christine Zurbach | Paula Seixas
((Centro de História de Arte/Universidade de Évora)

Texto apresentado no V Seminário Internacional de Marionetas de Évora
(03 - 04 de Junho de 2005)


1.Investigar o percurso dos BSA.
O ponto de partida da nossa reflexão para estudar o caso dos BSA é o seguinte: a condição actual dos Bonecos de Santo Aleixo (BSA) seria paradoxal. “Património” conservado como uma forma antiga de teatro regional e local, com um valor acrescido de arquivo para fins diversos, ou de objecto merecedor de um tratamento museológico, os Bonecos são recebidos hoje como cultura viva, como uma forma do teatro de marionetas contemporâneo entre outras manifestações do mesmo tipo (prova disso a sua inclusão no programa da Bienal Internacional de Marionetas de Évora) e surgem, também, manipulados por actores/marionetistas, como componente da programação anual da companhia profissional do Centro Dramático de Évora (CENDREV), desde 1982, ao lado das peças para actores das sucessivas temporadas. Ou seja como teatro simplesmente.

Surge assim um paradoxo, aparentemente: sendo entendido como património (ou seja como objecto datado, susceptível de desaparecer ou mesmo de morrer e por isso monumento entregue à protecção do museu), apresenta-se todavia hoje como equiparado a qualquer componente da criação artística viva contemporânea.

É justamente essa conjugação do seu estatuto patrimonial e do seu uso teatral actual que pretendemos abordar nesta comunicação: qual é o significado actual dos Bonecos de Santo Aleixo? Ou seja: quais são ao certo o estatuto/a identidade/o uso dos BSA hoje em termos de vida teatral e/ou de política cultural?
Pela sua característica de objecto tradicional, é grande a tentação de optar simplesmente pela adopção do termo património a fim de dar conta do seu valor cultural. Também sabemos que, hoje, o termo “património” acaba, devido a um uso algo banalizado e acrítico tanto do substantivo como do adjectivo, por surgir como um modo prático para dar conta – escamoteando-a – da complexidade dos problemas levantados pela nossa relação com a herança histórico-cultural. Não basta “classificá-la”, é preciso também definir “o modo de usá-la”. Na verdade, se retomarmos o termo património na sua acepção comum, será aplicável aos BSA enquanto objecto ou, antes, obra cultural que configura uma tradição (teatral / sócio-cultural) cuja origem se situa num passado distante (e por isso permanece ainda mal conhecida), mas que o presente procura valorizar pelo interesse histórico e artístico de que será portadora, acrescido de um significado afectivo e identitário.

Tal entendimento estará na base do modo de inserção dos BSA no seu quadro sociocultural de acolhimento contemporâneo: incluídos desde 1982 no repertório organizado pelo CENDREV, são oferecidos ao seu público, em cada temporada, de acordo com o discurso que os acompanha e que destaca a sua dimensão patrimonial nacional, de origem local e regional com projecção internacional (cf. Ponto 2 desta apresentação).

Mas, retomando uma orientação adoptada inicialmente (apresentada no I Seminário em 1997), consideraremos os BSA (que nos propomos descrever, interpretar enquanto objecto de estudo) em primeiro lugar, como objecto de teatro. Mas optar por designar os BSA como um objecto de / do teatro, levanta algumas questões que por sua vez, implicarão opções, teóricas e metodológicas, para sustentar a nossa pesquisa.

De facto, quem assiste a uma representação dos BSA, (tomado como objecto teatral e como espectáculo e não como objecto dito patrimonial na acepção enunciada anteriormente), reconhece nesse repertório uma matriz, a da forma tradicional de teatro ocidental, aqui replicada como o confirma a tipologia dos textos postos em cena, elaborados na aplicação das regras formais de géneros conhecidos com o auto, a farsa, o monólogo, na construção de personagens antropomorfos inseridos num quadro de tipo naturalista, etc. Tais similitudes correspondem a práticas conhecidas de reescrita e manipulação do antigo para fazer nascer o novo a partir de materiais existentes, trabalhados em termos críticos e criativos (prática recorrente no teatro de marionetas como o mostraram estudos já realizados).
Se tais procedimentos resultam numa identidade específica do objecto (derivada de condicionamentos sociais, ou outros que poderão ser averiguados), que tipo de valores são veiculados pelo teatro dos BSA “no passado e no presente” Portadores de uma especificidade de ordem cultural (entendendo o termo especificidade não no sentido de uma essência), os BSA encontraram uma originalidade em relação aos sistemas culturais (religioso, literário, teatral, etc.) aos quais pertencem ou com os quais estão em contacto, e absorveram a tradição instituída para gerar novos discursos.

E qual é a situação hoje? Qual é a capacidade desse repertório para enfrentar a passagem do tempo com tudo o que tal distância implica? Optou-se pela conservação da tradição: na sua autenticidade? Estaremos ainda perante uma forma de teatro crítico, portadora de uma comicidade (eventualmente) subversiva em relação ao mundo institucionalizado ou a todas as formas de poder (cultural, religioso, político)? Dever-se-á antes encarar a possibilidade de surgirem mutações próprias do uso dado hoje aos BSA? – por um processo de aculturação?

Também é sabido que o teatro de marionetas entrou definitivamente nas práticas do teatro actual, e também na investigação, graças a circunstâncias contextuais e históricas relativamente recentes (em particular pela afirmação dos Estudos Culturais) que favoreceram tanto a sua conservação e preservação patrimonial como o seu desenvolvimento criativo, conforme os casos: a revalorização do teatro de marionetas, que passou pela crítica da visão primitivista desse teatro, bem como pelo estímulo para a sua reapropriação e salvaguarda, ficou igualmente a dever-se, por um lado, à abertura da vida teatral contemporânea para a inovação, e por outro, à evolução dos estudos teatrais assenta numa percepção pluridisciplinar da sua metodologia. Mas o teatro de marionetas não deixou de manter uma autonomia ou marginalidade relativa no contexto das formas e das práticas do teatro contemporâneo, a tal ponto que hoje, por exemplo, as artes visuais ou ditas performativas podem - com razão e cada vez mais - “hospedar” o teatro de marionetas.

Assim, se o início do nosso estudo envolve, como qualquer pesquisa organizada, a recolha de materiais documentais que ainda não foram considerados ou tratados (em particular relativos ao período posterior ao processo de recuperação e conservação do espólio material, de reactivação do repertório de tradição oral e de transmissão da manipulação prática das marionetas), a leitura dos BSA entendidos como prática espectacular contemporânea, levar-nos-á a recorrer a diversas ferramentas de investigação e pontos de vista, tanto mais que o uso comum do termo teatro (legitimado na sua vasta aplicação apenas enquanto “vocabulário de que dispomos”) não abrange todas as dimensões da complexidade desta forma.
A fim de entender em termos objectivos o processo em curso, optámos por iniciar o nosso estudo recorrendo a uma abordagem dos discursos e dos dados do percurso dos BSA desde 1982, que nos permitirão abordar a sua interpretação.

2. Investigar o discurso sobre os Bonecos de Santo Aleixo

Para investigar o discurso sobre os Bonecos de Santo Aleixo socorremo-nos de vários documentos produzidos pelo Cendrev e por outras instituições e tentámos encontrar as notas dominantes.
A documentação produzida pelo CENDREV é composta por folhetos, desdobráveis, programas de espectáculos; inclui ainda o volume comemorativo dos 25 anos da Companhia e, com um cariz diverso, dada a sua natureza reflexiva e o âmbito mais alargado dos temas tratados, a revista Adágio. Esta documentação, geralmente utilizada para a apresentação dos Bonecos, tanto junto do público português como estrangeiro (folheto em língua inglesa) acentua noções como a tradição, a continuidade ou a pertença ao património artístico alentejano. O respeito pela tradição é destacado tanto no que se refere à construção dos Bonecos, à sua manipulação e a condições específicas do espectáculo, como o palco ou a iluminação, como no que diz respeito à preservação do carácter oral dos textos.

Na obra que assinala os 25 anos do Centro Cultural de Évora /CENDREV, os BSA merecem 2 páginas: um texto que procura fazer a síntese do seu percurso desde o séc. XIX até ao presente, o repertório recolhido, o número de espectáculos e espectadores entre 1982 e 2000 e os lugares da sua deambulação, com uma forte predominância de espectáculos em Portugal, como veremos adiante (253 localidades visitadas), e também os marcos da internacionalização referida (e acentuada) em vários momentos. No contexto desta internacionalização, surgem as referências à BIME, cuja realização fica a dever-se ao facto de os Bonecos estarem vivos. Na mesma obra editada pelo CENDREV, os Bonecos são reconhecidos como “um digno e antigo patrono” do festival.

A revista Adágio, cuja publicação é da responsabilidade do Cendrev, tem-se ocupado, em alguns números, da problemática do teatro de marionetas; estes números da revista surgem em momentos que se revestem de um carácter particular: 1990 (1º número), 1997 (ano de realização da BIME), 1999 (ano BIME) e os textos publicados consistem grandemente nas comunicações apresentadas no âmbito do Seminário Internacional, inicialmente organizado pela Licenciatura em Estudos Teatrais e, posteriormente, pelo Centro de História de Arte da Universidade de Évora. Na Adágio coexistem reflexões de nível diferente: uma, na linha das considerações feitas nos textos de apresentação e divulgação dos Bonecos junto do público, que acentua as já referidas noções de tradição, conservação, herança cultural; e outra, de cariz académico, que procura problematizar estes conceitos (McCormick, Zurbach), reequacionando-os à luz dos mais recentes desenvolvimentos no domínio da investigação sobre teatro de marionetas.
A importância dos Bonecos é igualmente reconhecida pelos responsáveis da Escola de Formação Teatral, que destacam a importância da sensibilização dos alunos desta área para a especificidade das tradições e a inclusão do teatro de marionetas no seu programa de formação no respeito pelas recomendações da Conferência Internacional de Teatro. Também a Fundação Calouste Gulbenkian, no folheto elaborado aquando da apresentação dos Bonecos no âmbito do ACARTE em 1988, acentua o valor patrimonial dos Bonecos e a necessidade de recuperar “expressões artísticas populares” e o facto de se viver um momento de “renovo de interesse pela arte das marionetas”. E a imprensa dos anos 80, altura da integração dos Bonecos no Cendrev, refere-se com entusiasmo aos títeres alentejanos, valorizando os mesmos aspectos: os Bonecos são um “acontecimento cultural relevante” (sete 18-3-81), “um património cultural valioso” “um património cultural importantíssimo e genuíno de uma tradição oral” (A capital, 10-4-81). Importa finalmente referir que os BSA são, actualmente, o objecto de estudo de um projecto de investigação na área científica dos estudos artísticos / herança cultural, realizado em parceria entre o Cendrev e a Universidade de Évora, cuja equipa de investigadores inclui elementos de renome internacional no domínio do teatro de marionetas.

Verificamos, assim, que ao longo destes anos os BSA têm gerado um discurso autónomo relativamente à instituição que os acolhe; a par da internacionalização do espectáculo (por via das digressões) assistimos a uma internacionalização do discurso, de que o presente seminário internacional é um exemplo.

3. Investigar os dados dos espectáculos
As conclusões a que tentámos chegar baseiam-se na análise de alguns dados empíricos coligidos pelo Cendrev: as fichas de registo dos espectáculos da programação anual da companhia, com informações e números relativos aos locais visitados, número de sessões de cada espectáculo, número de espectadores por sessão, etc.
Apesar da vocação internacional que os Bonecos adquiriram desde que passaram para a propriedade do Cendrev e que é, de resto, várias vezes acentuada, entre 1982 e 2004, cerca de 75% dos espectáculos realizaram-se em Portugal; Lisboa foi a cidade portuguesa com maior número de espectáculos (49) a seguir a Évora (89). É de destacar o carácter rural de muitas das localidades portuguesas visitadas regularmente e, entr4e estas, o elevado número de vilas e aldeias alentejanas: Santiago de Rio de Moinhos, São Pedro do Corval, Aldeia de Pias ou Santo Aleixo da Restauração. Entre 2000 e 2004, por exemplo, cerca de metade do número total de espectáculos realizados aconteceram no Alentejo:

Quanto às digressões no estrangeiro, a proximidade geográfica, aliada a razões de ordem linguística, poderão explicar o número de espectáculos realizados em Espanha, ou as digressões ao Brasil, países que registam mais presenças:
As viagens dos Bonecos pelo mundo enquadram-se, de um modo geral, na participação em festivais de teatro de marionetas e só excepcionalmente em programações específicas de salas de espectáculos ou de companhias teatrais. Em algumas ocasiões, também, os espectáculos integram-se em ocasiões relacionadas com a representação de Portugal em eventos internacionais (como os espectáculos de Hannover, em 2000). Em qualquer dos casos, os Bonecos só viajam quando o calendário destes espectáculos não colide com as datas da programação anual do Cendrev, já que os manipuladores são também actores desta companhia; a integração nesta estrutura garantiu-lhes a sobrevivência e a divulgação além fronteiras, mas é, por vezes, um obstáculo a que possam participar em mais eventos.
O repertório apresentado, tanto nos espectáculos feitos em Portugal como no estrangeiro, não varia muito: O Auto da Criação do Mundo, O Fado, as Saiadas. Apesar de o repertório recolhido ser bastante mais vasto, esta escolha fica a dever-se ao facto de serem estas as peças com uma estrutura dramática mais próxima do modelo de teatro ocidental e por utilizarem os recursos mais apelativos para o público, funcionando quase como um “bilhete de identidade” dos Bonecos; a par da “espectacularidade”, são textos cuja componente linguística é muito rica em marcas da sua origem regional; como já vimos, este carácter genuíno, acentuadamente rural, fortemente marcado por uma “identidade” alentejana, constitui uma das preocupações do Cendrev na conservação e divulgação dos Bonecos. Além destes textos, são também feitas apresentações do Auto do Nascimento do Menino Jesus (especialmente na quadra natalícia, sobretudo em Évora).

E quem vai ver os Bonecos? Não cabe aqui uma análise de cariz sociológico mas, uma vez mais, o resultado da observação dos dados numéricos que pudemos recolher: entre 1982 e 2004, o número de espectadores que assistiram aos espectáculos (incluindo os realizados no estrangeiro) passou por uma breve fase de crescimento – (Setembro – Novembro 1982: 207 espectadores; 1983: 2434 espectadores) –, até se situar num número anual superior aos 2000, com alguma relevância para os anos de realização da BIME:

Como vimos pela geografia dos espectáculos, o público é muito variado; em Portugal, há ainda uma forte componente de indivíduos provenientes de meios mais pequenos, distantes dos grandes centros urbanos e localizados no Alentejo, com tudo o que isto acarreta de proximidade em relação à especificidade da linguagem de alguns textos e da sua matriz cultural ou, em termos mais gerais, de compreensão do discurso. No estrangeiro, porém, não é isto que acontece; a participação em festivais põe os Bonecos perante um público heterogéneo (até do ponto de vista das línguas faladas), que recebe (e tenta compreender) o espectáculo apesar da estranheza da língua e que presta atenção a pormenores e efeitos da representação que, para o público português serão, eventualmente, secundarizados. Trata-se do mesmo espectáculo visto por olhares diferentes? Ou haverá alguma tendência para fazer de um modo diferente consoante os públicos?

De acordo com o testemunho de um dos manipuladores, o público estrangeiro comenta a musicalidade do espectáculo, a diversidade das vozes, a sonoridade do fado, o carácter rudimentar dos efeitos utilizados em palco (o fogo, as bombas, a iluminação) e parece compreender o espectáculo, até porque os textos utilizados (em especial o Auto da Criação do Mundo) enraízam numa cultura bíblica comum no Ocidente.

4.Um processo de conservação dinâmico

O processo de revitalização dos Bonecos iniciado em 1978 tornou-se visível em vários domínios: no plano do espectáculo, subsiste a preocupação com os aspectos que permitem a “sobrevivência da tradição” e a pertença dos Bonecos a um património; contudo, um relance pela geografia dos espectáculos mostra-nos que o público passou a ser outro, heterogéneo, que alia o da sua origem rural (Aldeia de Pias, Santo Aleixo da Restauração, Foros da Fonte Seca) a uma componente urbana e cosmopolita (Barcelona, Amesterdão, Lisboa). Por outro lado, esta revitalização acarretou a realização de iniciativas que contrariam qualquer ideia de rigidez museológica que se pudesse associar a estas marionetas e que implicam um outro tipo de discurso, que não se limita a narrar o passado mas que o (re)equaciona no presente: a BIME, o Seminário Internacional, a existência de um projecto de investigação do Centro de História de Arte, que tem como objectivo, entre outros, o de estudar a “recepção actual pelo público e pela cultura contemporânea” dos Bonecos; além da identificação, análise e publicação de dados sobre a origem e história, pretende também analisar o lugar, a função e a influência que os Bonecos têm no teatro e na cultura contemporânea, o modo como os espectadores se relacionam com estes objectos do património.

De acordo com o nosso entendimento, e em termos de hipóteses de trabalho, os BSA, indiscutivelmente configuram uma forma de herança cultural que deve ser preservada. Tal percepção é reflectida nos discursos sobre os BSA marcados pela temática recorrente da conservação à qual se acrescenta à da sua inserção na cultura do presente – num esforço de “continuidade desta expressão artística regional” tradicional, que podem todavia levar à canonização de um objecto, sistematicamente reproduzido na sua “autenticidade”. Por outro lado, a integração no repertório da companhia profissional do Cendrev em 1982 e na vida teatral contemporânea é um facto, com consequências no trabalho artístico realizado e na relação com o público alvo quanto a determinadas opções de repertório e/ou orientações performativas). Indo ao encontro da sensibilidade contemporânea mais informada dos perigos da conservação “à tout prix” do chamado património, o CENDREV promove o uso pleno do espólio dos BSA. Conotado pelo seu valor estético, de identidade e de memória, e inserido na programação regular de uma instituição teatral desde 1982 (após ter sido objecto de um processo de recolha em contacto com os últimos manipuladores e proprietários do fundo, numa primeira fase), os BSA mantiveram a sua funcionalidade, ou seja, a sua dimensão artística.

 

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