Erudito
e popular: a recepção teatral
dos “Bonecos de Santo Aleixo”
Algumas notas para a sua investigação.
Christine Zurbach
Centro de História da Arte/Universidade de Évora
III Seminário Internacional de
Marionetas de Évora
05, 06 e 07 de Junho de 2001
Present Trends in Puppet Research
1. A primeira fase do trabalho de investigação
empreendido em 1999 por mim no Centro de História da Arte
da Universidade de Évora em torno do teatro de marionetas
dos Bonecos de Santo Aleixo (BSA) organizou-se
num primeiro momento enquanto pesquisa de natureza essencialmente
historiográfica(1),
tendo em conta que as razões que me levaram a tal estudo
são de duas ordens. Por um lado, o meu interesse pela
história da componente textual do teatro, pela história
dos repertórios, da sua criação e da sua
transformação, ou seja, pela dramaturgia no seu
papel central no estudo histórico do teatro. Por outro
lado, existiram também razões fundadas no desejo
de analisar - e procurar compreender – os processos que
sustentam a evolução de determinadas práticas
culturais do nosso tempo, em particular as que se caracterizam
por uma curiosidade crescente dos criadores e do público
pela conservação de objectos provenientes do passado – raramente
considerados até então enquanto valores artísticos
e patrimoniais equiparáveis com os objectos da arte consagrada
pela instituição -, pela sua revivificação
no presente, isto é, pela nossa memória cultural.
O teatro dos BSA representa, assim, um caso relevante na/da História contemporânea
do teatro. Revelador da interacção entre o passado e o presente,
o processo da sua recuperação articulou-se igualmente, em termos
temporais, com o fenómeno contemporâneo e recente de integração
da forma artística do “teatro de marionetas” no conjunto das
variadíssimas práticas e manifestações teatrais actuais(2).
Ao lado do experimentalismo criativo que conota e fundamenta em grande parte
a vitalidade desta forma de teatro hoje, o teatro de marionetas surge, na vida
teatral do nosso tempo, como sobrevivência no presente de formas oriundas
de tradições, enraizadas num passado mais ou menos distante. É o
caso dos BSA.
Na sua condição de objecto artístico e cultural agora preservado
e conservado no sentido restrito da palavra – isto é, mantido no
estado em que se encontrava no momento da execução do programa
da sua recolha e da sua fixação(3),
mas igualmente mantido vivo em espectáculos oferecidos a públicos
diversificados -, este repertório coloca ao investigador duas ordens de
problemáticas: aprofundar a pesquisa em torno, por um lado, das suas origens
e, por outro lado, do seu estatuto na produção e na comunicação
cultural contemporânea.
De facto, no período final da sua história tradicional ou primitiva,
o teatro dos BSA aparecia, nos anos 50-60 em Portugal, como uma forma de expressão
teatral de tradição oral e regional, prioritariamente centrado
em temáticas conotadas com um público de cultura popular e não
urbano. Representado hoje por actores profissionais contratados pela instituição
teatral do Centro Dramático de Évora(4),
em espaços teatrais institucionais na maior parte dos casos e diante de
um público de teatro não diferenciado (ou convencional), este teatro
encontra-se no centro de tensões diversas – passado/presente, erudito/popular,
escrito/oral – que poderão afectar ou pelo menos problematizar a
sua identidade.
2. Ao historiador, ele levanta
a questão dos limites ou até da viabilidade do
estudo e do conhecimento do passado, pondo em primeiro lugar
o problema dos documentos e das fontes disponíveis.
Se o espólio é em si duma grande consistência
por terem sido conservados o retábulo original, as marionetas
e os adereços, a guitarra e as músicas, e também
os textos de transmissão oral que foram decorados e
transcritos, é preciso notar todavia que o seu estudo
requer uma associação de difícil equilíbrio
entre a erudição do especialista informado e
a reconstituição por hipóteses e conjecturas
que muitas vezes recorrem à imaginação, à falta
de provas concretas ou à arqueologia do quotidiano, à oralidade, à civilização
ou cultura material(5).
A questão põe-se nomeadamente quanto ao problema
das origens dos BSA, que só poderão provavelmente
ser hoje reconstituídas lacunar e parcialmente, e igualmente
da história deste teatro, dos seus proprietários
e manipuladores, do seu público e do seu repertório.
Tais objectos culturais, de conotações populares(6) e
situados nas margens da cultura dita oficial, não mereceram,
como é sabido, uma grande atenção dos
historiadores, a ponto de só recentemente ter sido encarada
a possibilidade da constituição da sua história(7).
Como o lembra B. Eruli na sua comunicação no
II Seminário de Teatro de Marionetas em 1999(8),
as primeiras tarefas do investigador deste tipo de teatro são
de recolha e de levantamento das informações
ainda disponíveis, em todo o tipo de arquivos e em fontes
de toda a espécie. Sobre os BSA, a investigação
histórica já realizada e reunida na obra de A.
Passos publicada em 1999 mostra a dificuldade do acesso às
fontes, muitas vezes indirectas e por isso, talvez, menos fiáveis.
Note-se que uma fonte referida com frequência na investigação
deste tipo de teatro reenvia para o domínio dos chamados “arquivos
da repressão”, da polícia ou da censura.
A história das mentalidades abriu vias inovadoras ao
promover o estudo dos “excluídos” ou “laissés
pour compte de l’historiographie traditionnelle»(9),
das suas lutas, do seu uso da linguagem e de determinadas formas
narrativas e simbólicas de representação
das suas crenças e dos seus medos. Privilegiou a investigação
das atitudes e dos gestos do quotidiano, em assuntos e temáticas
como os das festas e das práticas do lazer no mundo
do trabalho(10) – onde
se situa o teatro de marionetas -, as práticas religiosas
que suscitam os laços do indivíduo com o grupo,
na articulação do sagrado, do poder e da comunidade.
Mas aqui também, “La rareté des témoignages
sur les comportements et les attitudes, dans le passé,
des classes subalternes constitue le premier obstacle – mais
non le seul – auquel se heurte une telle recherche»,
avisa-nos C. Ginzburg(11) Daí o
interesse das fontes que possam ser organizadas em séries,
como é o caso de repertórios teatrais, escritos
ou orais, ou outras produções da literatura de
cordel ou de ampla divulgação, como a “Bibliothèque
Bleue” estudada por Mandrou. No nosso caso, a componente
cantada e coreografada – fado, fadinho, saiadas, bailinhos – permite
um alargamento do fundo documental para a transmissão
oral cujo dinamismo é patente se observarmos as suas
manifestações contemporâneas.
No caso português, este teatro não mereceu uma
grande atenção por parte dos editores e dos vendedores
da “literatura de cordel”, no passado, mas este
sector da vida cultural representa uma área fundamental
para o investigador que encontra, por exemplo, nos regulamentos
ou na legislação aplicada a estas categorias
sócio-profissionais informações úteis.
Os modos de conservação e de transmissão
de tais documentos impressos, sendo igualmente problemáticos,
esclarecem também alguns aspectos das suas relações
e da sua posição relativamente à literatura.
São em muitos casos escritos de segunda mão ou
reescritas de outras ficções, de narrativas tradicionais
ou bíblicas transformadas, afastando-se assim da cultura
erudita.
3. As razões do meu interesse por
esse objecto, o teatro de marionetas enquanto componente da
arte que o acolhe – a do teatro - , prendem-se também,
hoje e num segundo momento, com o estudo do teatro de marionetas
como forma artística, apoiado nas potencialidades oferecidas
pelas novas abordagens pluridisciplinares em ciências
humanas e sociais, e associado à percepção
do quadro de mudança e renovação da cultura
portuguesa nas últimas décadas.
Entendo que o caso do teatro dos “Bonecos de Santo Aleixo” é,
a esse respeito, exemplar, se considerarmos os dados recentes
e já conhecidos da sua história. Como é sabido,
estando em risco de desaparecer no fim dos anos 1970, o conjunto
do retábulo e das marionetas com o seu repertório
textual e musical é preservado, conservado e reactivado
por iniciativa de entidades locais e regionais, e com o apoio
financeiro do Governo Central. Os agentes directamente envolvidos
na sua reactivação são, numa primeira
fase, os alunos da Escola de Actores do Centro Cultural de Évora,
e numa segunda fase, cinco actores profissionais da companhia
de teatro do Centro Dramático de Évora. O trabalho
realizado desde os anos 1980 pelos actores-marionetistas seguiu
os passos característicos de uma estratégia de
salvaguarda organizada, acompanhada pela vontade de manutenção “não-museológica” de
um teatro ainda vivo: recolha e cópia dos objectos materiais,
transcrição e fixação/memorização
dos textos do repertório, aprendizagem da técnica
de manipulação das marionetas e da execução
das composições musicais, política de
divulgação e de difusão, criação
de um circuito de público alargado e recepção
pela crítica teatral e musical especializada.
Verificou-se deste modo uma mudança no plano institucional
do estatuto deste teatro, que passou igualmente a estar na
origem de uma nova actividade do CENDREV, criada em torno do
teatro de marionetas. Trata-se da Bienal Internacional de Marionetas
de Évora (BIME), que tem lugar desde a inclusão
dos BSA nas actividades regulares da companhia, e que comporta,
desde 1997, um Seminário de estudo do teatro das marionetas
organizado pelo Centro de História de Arte da Universidade(12) e
pelo Cendrev. A riqueza multifacetada deste objecto artístico,
agora integrado no repertório teatral ao mesmo título
que as obras tradicionalmente seleccionadas para estruturar
a temporada da companhia do CENDREV(13),
explica a conivência entre o teatro – que dá a
ver - e o estudo – que dá a conhecer –.
É deste último aspecto que o projecto de investigação
procurará ocupar-se no futuro. Adoptando uma perspectiva
descritiva, o estudo será orientado em torno da identificação
e da caracterização do conjunto do teatro dos
BSA, e terá como ponto de partida o repertório
e a identificação dos elementos que o compõem.
Partirei do seu suporte textual enquanto tipologia de textos
e de discursos, em torno da questão da classificação
eventual das formas literárias desta literatura oral
que reune o teatro religioso e profano, o romanesco e o burlesco,
o imaginário e o social.
Está de momento a decorrer um trabalho de pesquisa sobre
as relações deste repertório com fontes
religiosas e eruditas a propósito dos autos religiosos
do repertório dos BSA. Os problemas levantados implicam
um cruzamento multidisciplinar de domínios diversos
do saber, desde a investigação do teatro e da
literatura, da língua e do seu uso, da cultura e da
história, etc. Trata-se com toda a evidência de
uma forma de expressão artística fortemente apoiada
na imagem, orientando a sua leitura para determinados efeitos
no destinatário graças à carga afectiva
que lhe é associada.
Começando pelos textos do repertório religioso,
constata-se uma relativa autonomia, no contexto cultural ambiente,
deste tipo de peças para as quais a cultura bíblica,
sobretudo o Antigo Testamento, representa uma inspiração
recorrente, mas fortemente despojada de qualquer tratamento
erudito. Retirados da História Sagrada, destacam-se
a Criação do Mundo, com a expulsão do
Paraíso e o crime de Caim, e a Natividade, com a temática
do nascimento do Menino e a adoração dos pastores
e dos Reis Magos.
No grupo das temáticas profanas, o repertório tem maioritariamente
a forma de peças curtas ou “saynètes”, próximas
da farsa, dialogadas ou cantadas a partir de temas como o desejo e a sedução
amorosos, a mulher tentadora e pecadora ou a libertinagem jocosa.
Em algumas narrativas burlescas transparece uma componente
satírica anti-religiosa como nos sermões báquicos
do Padre Chancas, as alusões às aventuras galantes
e cómicas de Mestre Salas com as suas “primas”,
algumas brejeirices e outros galhardetes, por vezes alguma
escatologia associada a uma celebração do corpo
muito próxima dos escritos de Rabelais(14) ou
ainda no grupo das canções profanas sobre temas
do quotidiano. Tal dimensão crítica aparece essencialmente
nos procedimentos da linguagem - os níveis de língua,
os jogos de palavras e trocadilhos onde funciona a polissemia – em
articulação com os gestos ou as atitudes físicas
encenadas com os bonecos.
O contexto do mundo do trabalho, das profissões que
caracterizam a organização da comunidade rural
na qual se inserem as personagens dos textos, tem uma presença
importante e a imagem do pastor de rebanho ou da guardadora
de gado surge de forma recorrente em todos os textos, ao lado
do barbeiro ou do pequeno rendeiro de terras. O tempo das festas é mostrado
nas «saiadas e bailinhos».
Aqui, o jogo intertextual deixa adivinhar fontes realistas,
nas quais a chamada «tranche de vie» naturalizante
que procura imitar o mundo aparente e circundante não é mais
do que uma transposição de temas ou motivos retirados
e retrabalhados de obras anteriores já existentes, de
ficções escritas ou transmitidas oralmente. Um
texto do repertório do qual só se tem notícia
e cuja recolha já não se pôde realizar
representa um crime que teria tido lugar numa aldeia alentejana,
na tradição dos “faits divers”, nos
quais a ficção vem substituir-se ao facto com
a ajuda de modelos narrativos, ficcionados ou não.
Para esta pesquisa, a abordagem histórica e descritiva
não poderão excluir-se uma à outra. De
facto, uma questão permanece: como poderá ajudar
na interpretação dos textos o que seria recuperável
pela história das mentalidades? Além da dificuldade
que ainda sentimos na definição de uma literatura
dita popular na qual a norma e o seu afastamento, caricatural
ou não, são inseparáveis, há que
ter em conta o papel do imaginário, reencontrar nas
intrigas aparentemente mais irracionais as raízes mas
profundas das mentalidades, como por exemplo a relação
com a morte. O Passo dito do Barbeiro é disso exemplo.
Trata-se de um texto que pode levar a reflectir sobre o sentido
subversivo ou contestatário deste teatro, a par do seu
eventual traço anti-clerical ou até agnóstico.
Poderemos falar de politização ou de aproveitamento
ideológico deste teatro? A questão não
pode ser respondida sem ter em conta a proximidade dos mundos
do sagrado e do profano neste tipo de práticas culturais
e das suas relações com o que lhe é estranho
ou que deve delas ser excluído.
Necessariamente, o suporte linguístico, cujo papel é muito
importante neste caso de repertório de teatro de marionetas,
deverá merecer uma investigação atenta,
nomeadamente quanto à linguagem usada nos diálogos
das personagens das ficções representadas, em
articulação com as práticas linguísticas
dos seus receptores, ou seja do ou dos públicos. Para
a sociolinguística (que estuda quem fala que língua com
quem e quando), a linguagem das personagens pode
ser um indicador eficaz das relações sociais
na comunidade e do modo de figurá-las. Todavia, neste
caso, os regionalismos ou os níveis de língua,
ou ainda os sociolectos citados em determinados momentos, etc.
representam fenómenos que são mais do que simples
variações ou códigos de discursos diferentes
segundo os grupos ou classes. Assim, o arcaísmo conota
uma teatralidade relacionada com a imagem reflectida do universo
social dos espectadores, maioritariamente identificados com
o meio rural. As fontes orais que foram fixadas em versões
transcritas para os actores que hoje manipulam os Bonecos,
transmitiram essa imagem-espelho, doravante fixada pela reprodução
sistemática que o princípio da conservação
arrasta. A diversificação do público actual
de recepção deste teatro obriga o investigador
a considerar aqui um processo de recepção reconfigurado.
De facto, o teatro de marionetas surge, em geral, como uma
forma de arte fortemente determinada pelo quadro sociocultural
que o produz e o recebe. Assim, o estudo deverá ressituar
a recepção dos BSA no seu quadro actual de leitura
pelo espectador, tendo em conta o seu novo suporte sociológico
e económico.
Assim, uma análise da cultura moderna deverá acompanhar
o estudo em curso. Cultura “popular” no passado,
os “Bonecos de Santo Aleixo” entraram, pelo processo
da sua transmissão, no campo teatral e representam um
elemento estruturante da instituição CENDREV
encarregada da sua conservação activa e dinâmica
enquanto componente do repertório.
O estudo desta forma teatral poderá assim contribuir
para a discussão de uma classificação
(algo apressadamente adoptada nos anos 1960 por alguns historiadores)
que opõe cultura erudita e cultura “popular”,
tratando-se para a segunda da cultura das classes ditas populares
ou inferiores, ou ainda, subalternas(15).
O estudo da cultura popular entrou no trabalho académico
e científico, mas o sentido da terminologia usada continua
problemático. Poder-se-à preferir uma perspectiva
funcional, que leva a falar da utilização dada
a esses objectos, na medida em que parecem ser determinantes
as apropriações sucessivas que deles são
feitas, com novos efeitos de sentido para novos destinatários.
O estatuto da obra acompanha assim o seu uso que, por sua vez,
o remodela de acordo com o quadro formal e institucional da
sua conservação.
Na rede de relações entre os diversos níveis
culturais que configuram a sociedade contemporânea, impedir
o desaparecimento dos BSA foi mais do que um gesto “museológico”(16).
As mutações vividas em torno dos anos 1970 e
80 introduziram outros entendimentos da terminologia “erudito/popular” e
favoreceu um processo inovador de circulação
dos objectos pertencentes a dois modelos hipotéticos
de vivência cultural: a cultura “erudita” tornou-se
acessível ao público dela privado até então
do mesmo modo que a cultura “popular” encontrou
um estatuto diferente, favorecendo uma problematização
da memória e do tempo que atravessa a nossa modernidade.
Compete assim ao historiador, e ao antropólogo,
como investigadores cuja actividade se inscreve no presente,
olharem para este tipo de “documentos-monumentos”(17),
não só como novos objectos da História,
mas sobretudo do nosso tempo: «L’historien écrit
au présent – tel est du moins mon sentiment»,
escreve, entre outros, Robert Muchembled no prefácio
ao estudo que dedica ao binómio cultura popular/cultura
das elites na França dos séculos XV a XVIII(18).
(1) O
projecto intitula-se “Os Bonecos de Santo Aleixo na
História do Teatro de Marionetas em Portugal”.
Consultar a informação na página do
Centro de História de Arte da Universidade de Évora
no endereço www.cha.uevora.pt
(2) São
disto testemunho os numerosos festivais de teatro de marionetas
que desde finais dos anos 1970 se realizam no mundo inteiro
e ainda a investigação empreendida sobre
o tema, representada, entre outros, nos três Seminários
sobre o Teatro de Marionetas realizados em Évora
em 1997, 1999 e 2001. Ver as Actas dos Seminários
publicadas na revista Adágio do Centro
Dramático de Évora.
(3) As
datas do processo referido aqui situam-se entre 1979 e
1986.
(4) Consultar
a obra de Alexandre Passos, Bonecos de Santo Aleixo.
A sua (im)possível história. As marionetas
em Portugal nos séculos XVI a XVIII e a sua influência
nos Títeres Alentejanos, Évora, Centro
Dramático de Évora, 1999
(5) Cf. “O
historiador e o homem quotidiano”, in Le Goff, 1979,
pp.313-323
(6) “Toda
uma série de fenómenos vêm arrumar-se
sob esta etiqueta; esboça-se o grande diálogo
do escrito e do oral, esse grande ausente da história
que os historiadores fazem, a palavra que se deixa pelo
menos captar como eco, rumor ou murmúrio, revela-se
o conflito das categorias sociais no campo da cultura,
ao mesmo tempo que se esboça toda a complexidade
dos empréstimos e das permutas com força
bastante para sofisticar a análise das estruturas
e dos conflitos.” In Le Goff, 1979, p.15.
(7) O
recurso inaugural ao sentido inovador do epíteto “popular” situa-se
na obra de Robert Mandrou (1964, 3ª edição
1999).
(8) Cf. Adágio,
revista do CENDREV, nº23/24, Janeiro/Setembro 1999,
p.102-112
(9) Pelcmans
P., “Littérature et histoire des mentalités”,
in Maurice Delcoix et Fernand Hallyn, 1991
(10) Designadas
por “folklore” eram estudadas pela etnologia
e são hoje re-examinadas pela antropologia histórica
e cultural.
(11) Cf.
Carlo Ginzburg, Le fromage et les vers”, trad. française,
1980
(13) Ver,
por exemplo, o caderno editado pelo Cendrev de divulgação
da Programação da temporada de 2001 no qual
as representações dos BSA e os espectáculos
em digressão são anunciados ao lado de Brecht,
Molière e Gregory Motton.
(14) Ver
a temática da cultura popular na obra de Rabelais
estudada por M. Bakhtin (1970)
(15) O
termo encontra-se nos estudos de Gramsci e E.J.Hobsbawn,
em substituição do adjectivo “inferiores”.
Cf. Ginzburg, 1973
(16) No
II Encontro da ATADT, uma comunicação apresenta
este projecto de conservação (in arquivo
do CENDREV)
(17) Cf.
Jacques Le Goff, 1979, p.16
(18) Robert
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